Tudo caminhava como manda o figurino. Chumbinho, como um maestro sentado e de frente para o público, regendo a cozinha do Roda de Bambas numa seleção antológica de choros, mestre Silvano incorporando Baden Powell debruçado no violão de seis cordas nervoso e os amigos chegando aos poucos à espreita da noite cada vez mais quente ainda que o ar-condicionado da casa insistisse em amenizar o clima.
Pouco mais de uma hora depois, Debinha assume o posto que lhe é de direito e, de prima, manda 'Coração Leviano'. A partir daí, suscedem-se clássicos e mais clássicos do samba de raiz que nada mais é que a essência brasileira pura e simples.
A pista de dança, como classificou uma das garçonetes da casa devidamente paramentada o salão onde a turma sambava, estava tomada de gente. Cerveja e belas mulheres na ginga da alta madrugada. Uma noite maravilhosa, como acontece sempre que o Roda de Bamba comanda os trabalhos.
Público cantando, papo rolando, tudo caminhando como manda o figurino. Isso até o samba dar aquela parada e uma turma de turistas, acho que de João Pessoa, puxar o refrão (se é que se pode chamar aquilo assim) do Rebolation.
Nem preciso dizer a cara de constrangimento dos músicos e da turma que via a cena sem acreditar que, mesmo depois de toda aquela aula de história brasileira, a porra do Rebolation continuava entranhada no ambiente.
A grotesca performance dos paraibanos não foi capaz de estragar a noite mágica de ontem. Mas fica a lição: a Zona Sul ainda tem muito o que aprender com o samba do Roda de Bambas. E ao que tudo indica, a rapaziada ainda vai dar muito o que falar, a partir do mês de junho, no sótão do Taverna Pub, em Ponta Negra.
Aguardemos, pois, com a ansiedade que marca os dias que antecedem às rodas de samba da Cidade Alta.