Foto: Kamilo Marinho (NOVO JORNAL)
O tesão que Volonté tem pela poesia é semelhante ao sentimento despertado em Paul Verlaine pelo poeta francês Arthur Rimbaud. Desejo e admiração mútua na vida e na arte, sem preconceito.
Pois um pedaço desse flerte recheado de ironia é mastigado e apresentado ao público em “Pulsar de Saudade”, o quinto livro do poeta que nasceu Manoel Fernandes de Souza Júnior, mas, como diz a própria orelha da obra assinada pelo escritor Mário Ivo Cavalcanti, “há tempos entendeu que o destino de um poeta é atalhar palavras e interrompeu o próprio nome e sobrenome virando substantivo, adjetivo, personagem único e indivisível”.
O livro foi lançado ontem, um sábado de manhã, véspera do Dia da Poesia, na livraria Poty Livros da Cidade Alta, segundo o próprio poeta, para lembrar os bons tempos em que novas obras mexiam com o imaginário natalense. “Antigamente, a livraria Universitária só fazia lançamentos nos sábados pela manhã. Mas isso na década de 70, e não deixa de ser uma maneira de se resgatar essa idéia. Reunia muita gente”, conta enquanto assina a dedicatória.
A iniciativa de ‘Pulsar de Saudade’ partiu de um grupo de amigos anônimos que Volonté não divulga nem amarrado. Sobre a obra, a define como “uma crítica irônica à modernização que chegou e está totalmente descontrolada com computadores, telefones celulares e internet”, diz antes de completar: “De repente todo mundo hoje faz parte do big brother”.
Na lista de poemas que permeiam as 35 páginas do livro entre uma ilustração e outra de João Felipe estão homenagens de amigos, como o poeta Adriano de Souza, pensamentos, trechos de músicas e sacadas pinçadas no meio da rua, nos botequins ou em casa. Ainda assim, com tudo isso, Volonté e seu ‘Pulsar de Saudade’ podem ser resumidos num único poema.
RESSACA
Aquele amor
nem me fale.