segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O SOL NASCERÁ

Três dias antes da virada do ano, escrevi o que seria o último texto de 2008 no Meio da Rua. Estava programado que pararia 20 dias para descansar o corpo, não a mente. Só não contava com a correria para deixar tudo certo no trabalho, o que impossibilitou a conclusão do texto e, principalmente, a despedida da galera que me acompanha no Meio da Rua pelos dias que, como disse, ficaria ausente. Confesso que me senti como um dono de buteco grosso, daqueles bem ignorantes que baixam o portão de ferro e ficam um bom tempo sem dar satisfação. Por isso, as minhas sinceras desculpas. Abaixo, vai um relato de uma grande experiência vivida no finalzinho do ano passado na companhia da minha sempre Ana e dos nossos mais novos amigos, Daniele e Vinícius. Muita coisa já rolou depois que vimos, juntos, o sol nascer das Rocas. Mas acho que ainda tá valendo. Abraço a todos e vamos nessa. O Meio da Rua não para.

O SOL NASCERÁ

Eu vi o sol nascer das Rocas. Um sol amarelo - anúncio do fim de mais uma madrugada de samba - que de tão amarelo fez chover uma garoa fina no alpendre de uma casa acolhedora que acorda música, que dorme bamba. Eu vi o sol nascer das Rocas. Ao som de Roberto Ribeiro e João Nogueira. Ouvido colado em histórias de vida, em vidas de histórias. Eu vi o sol nascer das Rocas depois de mais uma noite de boas companhias, de muitas cervejas, de mais encontros que desencontros. Eu vi o sol nascer das Rocas um dia depois de ver o fim da breve história do Arquivo Vivo com a Travessa do Samba. E que seja mesmo breve enquanto dure a falta de carinho e bom senso de uma gente que não preserva a raiz e, por isso mesmo, impede o nascer dos frutos. Eu vi o sol nascer das Rocas antes de acabar a cerveja. E com o sol já chegado, ao comprar as saideiras e notar que os portões de aço de todos os butecos estavam arriados, descobri que ninguém é de ferro e até a valorosa comunidade das Rocas merece umas horas a mais de sono. Eu vi o sol nascer das Rocas. Era uma espécie de convocação para ir de encontro ao encontro do mar com o Potengi. E lá, já entre os braços e abraços de Iemanjá, eu que tinha visto o sol nascer das Rocas, descobri o significado da palavra benção. Alguns dirão que ainda era 2008. Os idiotas da objetividade - salve Nelson Rodrigues! - diriam mais: que era de sexta para sábado, precisamente dia 27 de dezembro. Mas não. Nem dia era, nem noite foi. Quando eu vi o sol nascer das Rocas o tempo parou. Parou só para anunciar. Que, em 2009, o sol nascerá. Sempre.

6 comentários:

Lívia está grávida! disse...

Lindo texto Rafael!
Mas o Arquivo Vivo continua fazendo o samba às sextas-feiras lá na Travessa do samba, viu?
Apareça!!
Beijos

Ana Paula Costa disse...

Que ele nasça muitas e muitas vezes e que tenhamos pique para virar dezenas de outras madrugadas como aquela... Adorei o texto!

Armando Miranda disse...

Belo texto, Rafael! Parabéns e até que enfim, né?! kkkkk
Mas é isso, o sol sempre nascerá! Por isso não devemos ficar parados, o melhor é correr e olhar o céu, pois ele, o sol, vem trazer bom dia, sempre!!!
Viva Cartola!!!
Abraço!

Unknown disse...

Lindoooo!!!!!
Essa noite foi incrível, pena que não aguentei, vcs são d+....
Bjs

Unknown disse...

Falta as fotos...E as fotos do show e tudo viu.kkkkk

Vinicius Assunção disse...

Teu texto me emociona Véi!
Abraços saudosos!!
O bamba que na casa dormiu.