quarta-feira, 14 de julho de 2010

UMA NOITE COM LENY



Leny Andrade é para poucos. Como os que compareceram ontem ao Teatro Alberto Maranhão. Simplesmente sensacional, antológico. O que Leny faz com a voz, aos 67 anos, Garrincha fazia com as pernas tortas nos tempos idos do futebol arte. Eis a definição real do que aconteceu: arte. Simples assim. O que Dunga aposentou com a Seleção na Copa da África do Sul, Leny Andrade pôs em campo, ou melhor, no palco, para uma platéia seleta e em transe.

Na primeira fila, Khrystal, Tiquinha Rodrigues e Ângela Castro, três artistas da casa, bebiam na fonte do gargarejo um mundo de sensações e sons que saíam jazzisticamente da musa da noite e do piano que a acompanhava. Voz e piano, imagem e semelhança, criador e criatura juntos.

Entre uma canção e outra, histórias. A interação com a platéia virou uma conversa de mesa de bar. Na homenagem a Vinícius, que cantou pra subir há 30 anos, causos íntimos da performance conquistadora do poetinha. À vontade como na varanda de casa, Leny lembrou que o poeta tinha a estratégia de chamar a todos pelo diminutivo para deixar a mulherada em polvorosa. “Eu era muito novinha na época e ficava só olhando. Tinha aquela coisa do diminutivo. Clara virava Clarinha, Maria virava Mariazinha... Ele nunca ia pra casa sozinho. Sempre bêbado, é claro”, reforçou dando ainda mais autenticidade à história.

No repertório, além das pérolas da Bossa Nova, com um espaço generoso para composições de Johnny Alf e Vinícius, boleros vestidos com a manta do jazz para a festa.

Leny homenageou a música, tão somente a arte. Quem foi não esquece. E aplaudiu de pé.

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