Jornalista é bicho besta. Quando falta assunto para o artigo da semana, o sujeito começa o texto reclamando que está sem inspiração. Do contrário, se acontece tudo ao mesmo tempo, fica igual ao peru que tomou aquele goró na véspera e anda de um lado pra outro sem saber o que fazer antes do golpe fatal.
Na segunda-feira, imaginei que o filão seria o pecado capital da rapaziada do Ipem que, ao que indicam as investigações do Ministério Público, foi com muita sede ao cofrinho de ouro. Aliás, o instituto dos fantasminhas camaradas tarados por diárias foi mais um escândalo na esteira de corrupção dos últimos anos. Coincidência, ou não, quando se vai atrás das doações de campanha eleitoral, tem sempre alguém envolvido numa falcatrua doando grana para candidato.
No xadrez improvisado no quartel da PM, com direito a ar-condicionado e chuveiro elétrico, a tchurma do Ipem deve ter passado a primeira noite sonhando com o tarado do ex-ministro do Turismo que, além de ter pago um motelzinho com dinheiro público no Maranhão, também bancou por sete anos, com grana do erário, a governanta de casa.
A saída do velhaco, que ganhou ares de escândalo nacional, era outra alternativa. Mas mudei de ideia quando a Dilma mandou dizer a Henrique Alves que se o PMDB ainda quisesse ficar com o Turismo que arrumasse um candidato com a ficha limpa. Aí lascou, pensei. Era melhor pedir que o partido se retirasse do governo do que criar um constrangimento desses. Até porque, hoje em dia, se um sujeito ficha limpa passar na porta do PDMB é crise interna na certa. E daí para mais um escândalo nacional é um pulo.
Então fiquei naquela expectativa de quem apareceria primeiro: o tal ficha limpa do PMDB ou o deputado estadual Gilson Moura, que indicou o diretor geral do Ipem, outros 53 cargos comissionados no órgão, e simplesmente sumiu.
Confesso que me sur-preendi com a velocidade com que o novo ministro foi anunciado. Porém, para manter a coerência, o PMDB tratou de chamar o deputado federal GASTÃO Vieira, que se gastar menos que o ante-cessor já alivia um peso grande no tesouro nacional.
Antes de acabar, a se-mana ainda brindou a sociedade com as investigações sobre o cartel dos combustíveis até que a grande notícia apareceu. No bar do Dedé, em Ponta Negra, Nigelson, amigo do meu pai, disse que viu em algum lugar a Xuxa dizendo que o pé do Pelé foi a coisa mais nojenta que ela já viu na vida. Foi um baque na mesa.
Sem cerimônia, a Meneghell falou dos pés de um Rei. Dos pés do sujeito que, em campo, carregava na chuteira o orgulho nacional. Dos pés de 1.282 gols. A Xuxa, meus amigos, tem nojo dos pés que fizeram feliz um país inteiro, que o mundo reverenciou.
Àquela altura, a cerveja entalada só desceu quando Naílton, o irmão de Nigélson, botou ainda mais fogo na polêmica:
- E é? Será que o pé do Pelé é mais feio que o da Marlene Mattos?
Silêncio na mesa. Esse foi, em estado bruto, o escândalo da semana.
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