domingo, 21 de dezembro de 2008

O MAIOR CANTOR DO BRASIL

Para quem gosta de história, futebol, samba, macumba e botequim, um endereço certo é o blog Histórias do Brasil (hisbrasil.blogspot.com), assinado pelo Luís Antônio Simas, um professor de história botafoguense, sambista carioca da gema. Os textos do cara são, na verdade, grandes aulas de História do Brasil, matéria que, como já disse e pode ser comprovado com uma passada no blog, ele domina.

O texto que reproduzo, na íntegra, foi pescado na manhã de domingo e vai, também, como uma homenagem ao amigo e sambista do peito, Armando Miranda, que por sinal já virou personagem do Meio da Rua.

Pois bem. Um ex-aluno do Simas mandou um email perguntando sobre o cantor preferido do mestre. A resposta veio, como vocês vêem abaixo, com uma aula sobre o resgate do samba. Fiquem agora com o Luís Antônio Simas:

O MAIOR CANTOR DO BRASIL

Acabo de receber email de um ex-aluno, o Renato, me perguntando sobre meus cantores prediletos. Disse ele que quer conhecer melhor a música brasileira, sobretudo o samba. Que bom.

Renato, meu camarada, se eu tivesse que ir para a famosa ilha deserta levando a discografia de um único cantor, não tenho dúvidas - o escolhido seria o grande Dermeval Miranda Maciel, fluminense de Campos dos Goytacases, terra da Candida, minha amada. Dermeval foi um belíssimo ínterprete dos ritmos nobres do Brasil - jongos, sambas, congadas, ijexás, maracatus. O homem arrasava o quarteirão em tudo.

Além da música, o Dermeval gostava tremendamente de futebol e chegou a ser goleiro do Goytacaz. Mudou-se para o Rio de Janeiro exatamente para tentar seguir a carreira nos gramados. Por uma dessa maluquices do acaso, acabou desistindo do esporte e, para levantar uns caraminguás, participou como cantor de um programa da Rádio Mauá, A Hora do Trabalhador. Não parou mais.

Por causa do desempenho na rádio foi levado ao Império Serrano. Tornou-se ínterprete oficial da escola e foi compositor de alguns sambas da agremiação da Serrinha. Só gravou lps fundamentais, com uma qualidade de repertório e uma coerência raríssimas na história da nossa música popular. Um gigante, em suma.

No próximo dia 8 de janeiro relembraremos os 13 anos sem a presença desse cracaço, que foi oló prematuramente em virtude de um atropelamento cretino.

Para você, Renato, sentir o que era o homem, escuta esse samba aqui. O nome é Partilha, dos grandes Romildo e Sérgio Fonseca. Para meu gosto é , ao lado do Último Desejo do Nöel, a maior canção sobre uma separação amorosa na história da nossa música. Não tem Chico Buarque e seus miúdos trocados e olhos nos olhos que chegue perto do que os compositores fizeram e o Dermeval interpretou.

Ah, um detalhe. Como Dermeval era um nome danado de feio, o nosso cantor adotou um pseudônimo porreta : Roberto Ribeiro.

Abraço

2 comentários:

Ana Paula Costa disse...

Essa é a cara do Armando...

Armando Miranda disse...

Pois é, Rafael... Valeu pela homenagem...
Mas o tal de Demerval cantava muito mesmo!!! Ainda bem que o Goytacaz perdeu um possível bom jogador, pra sorte do samba, que ganhou realmente um cracasso!!!
Mas, já viram o sobrenome verdadeiro dele?!!! rsrsrsrsrs
Abração, amigo!