quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A ORIGEM DO MEIO DA RUA




Como contei ontem, a noite de terça-feira foi atípica. Antes de embarcar para o Rio de Janeiro, onde passarão as festas de final de ano, meus tios organizaram uma espécie de “ceia-natalina-fora-época” para a família e alguns amigos. Com direito a panetone, peru, salada, frutas, enfim, um cardápio completo. Na fila dos bebes, cerveja, vinho, suco e coca-cola fizeram a alegria da turma. O som começou com Noel, passeou por João Gilberto e finalizou com Demônios da Garoa. Como vocês pode notar, uma senhora noite.

E quando se reúne parentes, principalmente aqueles que você não vê há muito tempo, como era o caso do Jônatas, meu primo e hoje pai do Francisco, noites como essa são regadas a histórias. No nosso caso, ainda na casa dos 20, histórias de um passado nem tão distante assim. O problema é quando a mãe entra na jogada e a alegria de relembrar antigamente vira constrangimento. Confesso que fui uma criança cruel.

Minha felicidade ia desde desligar escadas rolantes em shoppings para ver a galera balançar com o solavanco, até cagar na frente de uma loja de fliperama enquanto meu pai discutia com o dono do estabelecimento porque o pilantra não queria devolver a ficha que a máquina tinha engolido. Por sinal, sinto o orgulho que meu pai tem de mim toda vez que ele conta essa história:

- Quando vi a merda, olhei para o cara e disse que não precisava mais da ficha. Já estava pago, frisa sempre no fim da história.

E modéstia à parte, fui protagonista de histórias tão cruéis quando criança que se meu herdeiro vier só com a fama do pai as estruturas da Terra estarão seriamente comprometidas.

Mas o melhor da noite, motivo maior dessa crônica, foi guardado para o fim. Descobri que a origem deste Blog e a verdadeira adoração que tenho pelas histórias e os personagens que habitam o Meio da Rua vem de berço.

Como uma espécie de grand finale, a saideira não poderia ter sido mais gelada. Família calada e atenta, minha amada mãe emenda:

- Todo mundo esperava que a primeira palavra que o Rafael fosse falar era mamãe ou papai. Mas sabe o que foi que ele disse a primeira vez?

Chutei Mengo tentando disfarçar a tensão. Mas a resposta veio como um gole de Skol bem tomado na cigarreira do seo Pedrinho, em Morro Branco:

- Mengo nada. A primeira coisa que você disse foi RUA!

Como vocês vêem, para tudo tem explicação.

3 comentários:

Ana Paula Costa disse...

E o medo de gerar um herdeiro seu aumenta a cada dia...

Unknown disse...

Ai que medo que vou ter do meu sobrinho, kkkkkkkkkkkkkkkk... mas calma irmãzinha, meu sobrinho pode puxar a vc. Só, pelo amor de Deus, não tenha ele em novembro pra não ser mais um escorpiano (a) na família....

Alex de Souza disse...

Carái, vai gostar de rua assim...

Aposto que a primeira que você fez quando completou 15 anos foi fugir de casa.