Às 8h da noite de ontem toca o meu celular. No visor, aparece o nome do Armando. Deduzo e imagino, antes de atender, a cena: Armando sentado na mesa do 1 do bar de Nazaré, aquela branca encostada na parede ao lado do portão de ferro do buteco. Discutindo com ele, em outra mesa, Fábio Athaíde, agora avô. Na mesma imagem, que durou segundos até que eu atendesse o telefone, ainda tinha o Paulinho levando cerveja de mesa em mesa e, claro, discordando dos dois. Um ou dois sujeitos no balcão. Uma gritaria geral.
Levei o aparelho ao ouvido e, antes de qualquer coisa, tratei de confirmar o óbvio:
- Tá em Nazaré?
A resposta veio, como eu imaginava, rebocada por um convite:
- Tô, mas já estou de saída. A menos que você esteja chegando.
Eu tinha acabado de chegar à casa de um tio, que mora no Tirol e organizou um bota-fora antes de embarcar de férias para o Rio. Família reunida, fiquei impossibilitado de sair. Expliquei, Armando entendeu e contou o real motivo da ligação:
- Olha, eu estou aqui com o Fábio e o Paulinho...
Eu, rindo, revia a cena. Ele continuou:
- Estão dizendo que aquela Travessa é do Cruzeiro, e não do Tesouro, como você falou. Essa mesma travessa que vai dar na praça João Maria.
Visualizei, como vocês podem notar, toda a cena que acontecia no bar de Nazaré naquele instante. E já deveria ter imaginado, também, o motivo do debate. A polêmica do nome da Travessa começou na sexta-feira passada na roda de samba comandada pelo Arquivo Vivo em frente ao bar de Fátima. Alguém que não lembro me disse que o nome do trecho que vai do bar da Fátima, entre Nazaré e a Assembléia Legislativa, até a praça João Maria era conhecido como Travessa do Tesouro. E quando o Vinícius, do banjo, pediu uma sugestão de um nome que virasse referência para a roda, contei a história e pensei em “Roda de Samba da Travessa do Tesouro”.
Esse imbróglio todo eu já contei ontem, no texto “Travessa do Samba”. E lembrei também da figura do Bené, grande polemista, que afirmou que em 40 anos de Beco da Lama nunca ouviu falar na tal Travessa do Tesouro.
Pois bem. Mas ainda faltava, em Nazaré, uma pessoa para meter a colher nessa polêmica. Antes de passar o telefone para o Paulinho, que reforçou a tese da Travessa do Cruzeiro, Armando confirmou:
- Quem também está aqui é o Bené, mas ele não acreditou muito nessa Travessa do Cruzeiro, não. No fim, com o Paulinho e o Fábio insistindo ele aceitou, mas não se convenceu não.
Ri ainda mais e nos despedimos. Em menos de dois minutos, Armando aparece de novo no visor do celular. Do outro lado, agora, o Fábio:
- Rafa, é Travessa do Cruzeiro! Aquilo ali nunca foi travessa do Tesouro, é do Cruzeiro, do Cruzeiro!
E desligou antes de dizer mais alguma coisa que eu não consegui identificar. Não demorou muito - eu não tinha acabado nem a primeira lata de Skol - o nome do Armando aparece pela terceira vez.
- Fala, Armando...
- Não, só para dizer que eu acho que o Bené não se convenceu ainda não.
- Pois é, ele gosta de polemizar
- Mas parece que é Travessa do Cruzeiro mesmo.
- Tudo bem, nem faço questão. Já mudei minha sugestão para Travessa do Samba.
- Também prefiro. No fundo, acho que o Bené aceitou, mas eu sei que ele não se
convenceu.
E, assim, provavelmente depois de derrubarem mais outras tantas saideiras e serem convidados elegantemente para deixarem o estabelecimento uma vez que terça-feira a Maçonaria manda no pedaço depois das 20h, Armando, Fábio e Bené pegaram o rumo de casa. Ainda há pano para manga nessa polêmica sobre a travessa. No próximo round, estarei in loco. Salve os butequins!
3 comentários:
Salve os butequins!!!
Mas foi engraçado mesmo. Da próxima vez vc realmente tem que estar presente!!!
E mais: sacanagem, pô! Antes de atender já vai achando que eu tô lá em Nazaré! Assim não vale!!! rsrsrs
Mas, falando nisso, o seu telefone ainda tem visor?!!! kkkkkkk
Abraço e viva a Travessa do Samba!!!
Afe, Armando tá mais rápido que eu. Só pra dizer que continuo votando em Travessa do Samba!
Tá legal o debate, também tow tendecioso à ficar com a TRAVESSA DO SAMBA. Abraço!!
Vinícius Assunção
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