terça-feira, 2 de dezembro de 2008

UMA NOITE DE CÃO NO BAR DO RICARDO



Depois de uma reunião de trabalho EXTREMAMENTE estressante nosso fim de noite não merecia outro destino senão o bar do Ricardo, ali quase na esquina da Ulisses Caldas com a finada avenida Junqueira Ayres (hoje Câmara Cascudo). E digo isso porque o bar do Ricardo, desde que chegamos de mala e cuia ao Centro Histórico, virou nossa segunda casa. Por uma razão muito simples: o carinho com que Ricardo, Cris e Léo - a família que comanda o boteco - tem dispensado a mim e a Ana desde que comemoramos a primeira das inesquecíveis vitórias do MENGÃO, na arrancada da Zona de Rebaixamento à Libertadores, em 2007. Mas isso é outra história.

O assunto aqui é outro. Falo do clima e da relação que fazem do bar do Ricardo um autêntico botequim no Centro Histórico da cidade. Naquela noite de segunda-feira, quando nada parecia capaz de desanuviar o ambiente pesado que ficou lá em casa, a intimidade que nasceu de nossa relação com o dono do bar - e que só existem em botecos de verdade - nos devolveu parte da alegria roubada horas antes da famigerada reunião.

Com a conta paga e devidamente municiados de mais três cervejas, que derrubamos assim que chegamos em casa, Ana me contou essa história deliciosa que ocorreu quando fui ao banheiro e só acontece em locais mágicos como os botequins, onde as pessoas se despem do personagem que vestem na rotina diária e voltam a ser quem realmente são: gente.

- Pensei em pedir três cervejas pro Ricardo para a gente tomar em casa, mas resolvi pedir quatro. Aí ele botou as três na sacola e, na quarta, quando viu que estava cinza de tão gelada, peguntou se não dava para deixar para ele tomar mais tarde, enquanto terminava de limpar o bar. Ele disse que tava seco para tomar uma. Aí deixei.

Depois de rir da história, fiquei imaginando em que outra situação o dono de um boteco pede ao freguês para não levar a cerveja mais gelada do bar para que ele mesmo possa consumir. Aí fui entender a filosofia. Ali naquele momento, Ricardo não deixou de ganhar os R$ 2,50 de sempre pela Skol geladíssima. A lógica é outra: matou o desejo que lhe consumia a garganta e, de quebra, estreitou ainda mais uma amizade sincera que até numa noite de cão é incapaz de passar despercebida.



8 comentários:

Unknown disse...

é por isso que se pede ao garçom: "- traga pra aquela que vc guardou pra qdo fechar o bar..."
Parabéns, seus textos além de me trazer um ambiente bastante familiar (ainda que nada de familiar tenham os ambientes), de quebra ainda me estimulam a escrever...
abraços em vc e na ana paula

Ana Paula Costa disse...

O Ricardo é o bar do Centro em que me sinto mais à vontade. Mas o melhor é que desde então nunca mais levamos as três para tomar em casa. Sempre fechamos o bar junto com ele...hehehe

Armando Miranda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Armando Miranda disse...

Fechar o bar junto com o dono é melhor que levar a cerveja pra casa. Assim você não corre o risco de perder preciosas histórias, além da saideira!!! kkkkkk
Abração!

Sérgio Vilar disse...

A pergunta que não quer calar: O Armando conhece o Bar do Ricardo?

Armando Miranda disse...

Sérgio, conheço sim! Já tive o prazer de saborear a cerveja de lá! kkkk

Lívia está grávida! disse...

Olá Rafael!

Pra quem não gosta de carnatal, tem samba no Beco hoje, heim? Vai ser lá no Bar de Fátima, ali por trás da Assembléia. O horário é aquele de sempre: 19h.

Ana Paula Costa disse...

E a atualização??? Não deixa caducar....