terça-feira, 7 de julho de 2009

UMA ESTRELA SEM ALARDE




Vendo essa arrumação toda em volta do funeral de Michael Jackson, me lembrei da segunda vez em que estive em Ceará-mirim. Fui a trabalho, mas a visita rendeu algumas boas histórias. Antes do início da passeata que fui cobrir no dia, por exemplo, passou uma Kombi enferrujada na avenida principal da cidade anunciando, de um alto-falante acoplado ao carro, a morte e o local do sepultamento do finado Grandão da Cosern. Não tenho a menor idéia de quem foi o tal sujeito nem tive tempo de colher informações a respeito. Chamou-me atenção, no entanto, o burburinho dos moradores da cidade. A impressão era de que todos ali conheciam, ao menos de nome, Manoel Leopoldino, o popular Grandão da Cosern. Vizinhas de janela cochichavam, dois frentistas do posto de gasolina da cidade se entreolhavam como se não acreditassem na notícia e até uma manifestante do protesto que estava para acontecer passou a falar sozinha como se encomendasse a alma do finado.

Apesar de não ter acompanhado o cortejo que se sucedeu na parte da tarde e mexeu com Ceará-mirim, tenho certeza que o caixão não era folheado a ouro, os ingressos do velório não foram distribuídos pela internet e depois vendidos por R$ 20 mil dólares, e muito menos recebeu qualquer celebridade num show de cores, música e brilho. Tenho para mim, que se Michael Jackson pudesse ter voltado atrás, preferiria ter vivido, assim, como o Grandão da Cosern: longe da mídia, mas mesmo assim conhecido por meio mundo de gente. Uma estrela sem alarde. Nem a pompa de um pop star.

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