sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Eu e o Rock in Rio

Publicado hoje no NOVO JORNAL

Eu podia falar que o Rock in Rio valeu só porque eu vi um show do R.E.M dez anos antes da banda anunciar o fim. Eu também podia falar que o Rock in Rio valeu porque eu vi um sujeito se jogar no chão e gritar chorando que já podia morrer quando Axel Rose dedilhou ao piano as primeiras notas de November Rain.

É claro que eu podia dizer que o Rock in Rio valeu porque fui uma das 50 mil pessoas que atirou uma garrafa de água mineral na cabeça do Carlinhos Brown depois que ele esqueceu a letra do Hino Nacional e começou a xingar o público para tentar amenizar a vaia e a vergonha no palco.

Pensando bem, eu podia dizer que o Rock in Rio valeu só porque eu vi os seios que a Cassia Eller mostrou para mim num show com o sol ainda a pino. Não é por nada não, mas eu também podia dizer que o Rock in Rio valeu porque eu vi Dave Grohl, do Foo Figthers, tocar bateria como se ainda estivesse no Nirvana.

Aqui pra nós, eu podia dizer que o Rock in Rio valeu a pena porque eu vi o Barão Vermelho começar um show igualzinho ao do Rock in Rio de 1985, quando o Cazuza ainda estava no comando. Se bem que eu também podia dizer que o Rock in Rio valeu porque de tanto eu falar a palavra ‘sacanagem’ sabe-se lá por qual motivo, um gringo com português arrastado me perguntou o que era ‘sacanagem’ e uma mulher feia pra caralho disse que depois mostrava para ele.

É inegável que eu podia falar que o Rock in Rio valeu só porque eu vi o babaca do Liam Gallenger parar o show para perguntar se o público gostava mais do Oasis ou do Gun´s and Roses e 90% da plateia responder... Gun´s and Roses!

Eu podia dizer que o Rock in Rio valeu simplesmente porque foi durante o festival que recebi a notícia de que tinha passado no vestibular para jornalismo. E se não fosse por isso não estaria agora me perguntando se valeu estar no Rock in Rio. Enfim, eu podia garantir que o Rock in Rio valeu a pena, mas vou ficar calado. Porque se eu disser tudo o que eu vi naquele janeiro de 2001 é capaz de ninguém acreditar em mim.